educação parental, prós e contras, Daniel Cardoso e estupidez geral

Quem como eu visionou a emissão do Prós e Contras da passada Segunda-feira (sobre o movimento #Me Too) saberá que o que acabou - curiosamente - por marcar essa mesma emissão não foi o tema em si, mas antes uma frase 'de um tal de' Sr. Professor Daniel Cardoso sobre o alegado acto de violência física (ou emocional) implícito no acto de se forçar o beijo das crianças aos avós...

Ora, ficou óbvio - de resto ainda no próprio programa - que tal alegação iria gerar polémica (o que me divertiu imenso, pois adoro uma boa polémica deste tipo), mas não me apercebera, pessoalmente, que tivesse gerado tanto sleuma social, nomeadamente porque a frase (incompleta que está a ideia toda aqui e para já) foi proferida por uma pessoa que pratica o Poliamor - como se o que as pessoas fazem nas suas intimidades tivesse alguma relação com ou relevância nas suas opiniões públicas sobre o que quer que seja...

É um facto que quando este senhor (Professor Daniel Cardoso) começou a falar, lá na supra-citada emissão, achei que a sua cara não me era estranha (eu que possuo memória fotográfica), mas não a associei a coisa alguma concreta que me ocorresse, até ao dia de hoje.
Hoje então, quando a "Procuradora" (Manuela Moura Guedes, na sua rubrica no telejornal) referiu a questão (agora por palavras e tradução minhas) da mesquinhez social que se gerou à volta da pessoa de Daniel Cardoso, não mais apenas pela sua opinião relativamente à educação infantil, mas - conforme já referi - também pelo facto de este praticar e defender o Poliamor (e reportando-se aquela, nomeadamente, a um artigo - ao qual ela chamou de "nojento" - por parte do Correio da Manhã)...
Foi aí que recordei uma reportagem que visionei em tempos, ou sobre Poliamor em particular, ou sobre expressões sexuais (em Portugal) de um modo geral (já não recordo).

Pessoalmente concordo completamente com a opinião de Manuela Moura-Guedes:
a imposição de regras de cortesia e de 'cumprimento' às crianças, seja lá a quem fôr e em que circunstâncias fôr, é errada porque o que tem na sua génese é a falha de uma educação-base, de exemplo, por parte dos seus progenitores e essa imposição posterior - a existir e quando existe - é apenas o espelho da sua frustração parental pessoal (entre outras questões), mas concordo também que a co-relação que foi estabelecida (por David Cardoso) entre isto e uma futura leviandade com a auto-integridade física e moral de uma adolescente é forçada.
Faz-me antes muito mais sentido que esse tipo de educação na infância despolete comportamentos de rebeldia para com a família ou mesmo de sociopatia, mais do que questões com a auto-estima e autonomia / independência do futuro adolescente.

 Agora com o que concordo mesmo mais (ou com o que discordo, dependendo do ponto de vista) é com o disparate triste e infeliz que foi fazer-se uma relação entre uma opinião válida e de direito básico de expressão de um cidadão (concorde-se mais ou menos com a expressão da mesma) e opções sexuais da sua vida privada e íntima - independentemente de estas pôrem mais ou menos em causa o status quo - como "tese" para invalidar essas mesmas opiniões, assim como concordo (a 99,9%) com este artigo do João Miguel Tavares (ainda sobre o mesmo assunto) no Público:

https://www.publico.pt/2018/10/20/sociedade/opiniao/-poliamoroso---beijinhos-avo-1848167

Usar-se as opções ou identificações sexuais (ou quaisquer outras, desde que não lesem nem a nada forcem terceiros) de uma pessoa para a descredibilizar e desacreditar nas suas opiniões (melhor ou pior fundamentadas) é no mínimo, e por uma altura destas, desnecessário. Fica-nos mal, é obsoleto, é só muito feio e pequenino.
Tal representa discriminação e preconceito puros, e é uma vergonha que ainda tenhamos de assistir, por uma altura destas, a enxovalhos públicos com base nisto mesmo...

Posto isto parece-me a mim óbvio concluir que o preconceito moral é um exercício de Ignorância, a qual por sua vez anda ao serviço do Medo, e assim vamos andando e continuando, passando por cima uns dos outros, em exercícios nauseantes de tacanhez geral...
                       



Comentários

Mensagens populares