Poema, escrito aos meus 22 anos de idade (11 anos atrás)

 Quero regressar ao útero de minha mãe
Ao mais profundo do húmus
Quero poder nadar de novo envolta em placenta,
Envolta em sangue e Vida
Livre como no princípio de Tudo
Purificando as minhas entranhas com líquido amniótico que alimenta.

Quero cessar [com] esta inalação de ar sufocante
Quero purgar todas as minhas Paixões (que correm nas veias)
no puro plasma e linfa purificantes;
Quero reviver o orgasmo intra-uterino
de ser sem existir na Realidade
Não ter de lamentar ter sido o óvulo (em má-hora) fecundado
pelo flagelo expulso do sémen violador...
Lamentar a acidez da vagina,
ainda assim não o suficiente para o impedir.
Não ter de lamentar ter podido resvalar no endométrio libertador...
Quero poder ter a concepção
de ter expiado e purificado as minhas emoções embrionárias
No saco gestacional do ventre de minha mãe.
Liberta assim, a progenitora,
de gravidezes assistidas a anestesias
Gravidezes de contracções aliviadas a epidurais
Dilatações acompanhadas de espasmos de Dor
Expulsando apenas o Ser purificado a parto natural;
A expulsão catártica (...) dá lugar ao corte umbilical
O pequeno Ser frágil e dependente por ora é alimentado a leite materno
Alimentá-lo-ão (mais tarde) Xanax e Prozacs...
a fazer esquecer as Emoções
e a dor de ter nascido.

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